Eu levanto a bandeira da Gastronomia Baiana e estou realmente inclinado a levar adiante o meu plano de elevar a culinária baiana à gastronomia baiana.
Entendam bem, a minha proposta não é mudar o nome porque é mais bonito e chique. O que estou tentando invocar é uma mudança de pensamento e de comportamento das pessoas que fazem parte da indústria de hotelaria e turismo de Salvador , passando pelos governantes, pelo empresariado, os profissionais que atuam na área até os amantes e simpatizantes.
Uma análise no processo histórico de Salvador, passando pelo âmbito cultural, econômico e social, pode ser revelador. O legado da nossa cultura é maravilhosa, cheio de mística, de batuques e sabores. Porém, a escravidão e toda a exploração violenta sofrida durante o período colonial trouxe segregação e preconceito raciais, pobreza, falta de oportunidadaes. Tudo isto perpetuado pelo processo político, que centenas de anos depois, continua favorecendo a um punhado de gente branca.
E o que isto tem a ver com a Gastronomia Baiana? Bem, na verdade muita coisa. Quem sempre cozinhou na cozinha dos brancos, foram os negros. Mesmo depois do término do tráfico de escravos e da escravidão, foram os negros e negras que assumiram as cozinhas. A maioria deles nunca tiveram acesso a nenhuma ou pouca escolaridade.
O ato de cozinhar, aqui em Salvador, por centenas de anos, pertenceu ao escravo. Com a abertura dos primeiros restaurantes, esta cultura permaneceu e o trabalho de cozinheiro, por muito tempo, foi muito depreciada. Isto reflete hoje nos salários ridículos que se paga ao profissional de cozinha que aqui labutam. O empresariado joga duríssimo com o peão de cozinha, pagando baixissimos salários, não repassando as comissões devidamente, numa verdadeira mentalidade de senhor de engenho.
((((((abrindo um parêntese, na Austrália, um LAVADOR DE PRATOS que trabalha 42 horas por semana, ganha EM UMA SEMANA mais que chefes de cozinha de grandes restaurantes de Salvador durante o mês todo)))))
A média de salário de cozinheiro em salvador é de 1000 reais, 250 reais por semana.
Aí eu pergunto, como é que um profissional deste pode se reinventar, investir em conhecimento? Será que um pobre coitado destes vai mesmo se interessar na Gastronomia Baiana?
eu concordo plenamente com vc sou cozinheiro chef de 1 grande rede de restaurante no rio de janeiro e posso dizer que o salario e uma vergonha para nós profissionais . carlos alberto . imail. carlosbenneton@gmail.com
ResponderExcluirPoxa meu caro amigo, boa pontuação essa sua! Realmente muita coisa ainda no Brasil é desvalorizada, sua cultura, sua educação, seu povo é deixado de lado e só aumentam a concentração de riquezas e desigualdade social. Concordo com a necessidade da valorização da gastronomia e dos profissionais baianos, é uma necessidade fundamental. Espero que nossa sociedade dê certo. hehe. E o sonho australiano nos leve às loucuras gastronômicas. hahaha
ResponderExcluirCom certeza companheiro! Fala-se muito da valorização da culinária Brasileira em geral, mas quase nunca se fala em valorização da mão de obra das cozinhas.
ResponderExcluirTrabalho na cozinha de um hotel na Alemanha e vejo claramente como um profissional que se dedica e estuda a cozinha recebe o merecido valor. E esses profissionais são disputados e recebem por seu conhecimento e experiência.
Espero que um dia essa mentalidade no Brasil mude!
Abraços!