Era fevereiro de 2009 e o que eu mais temia, aconteceu. Fui despedido. Foi um grande choque e quase abandonei minha carreira. Foi por pouco.
Em 2007, após dois anos fora do Brasil, tive a honra de ser Chef de um grande restaurante de Salvador. Me refiro não somente à ótima reputação, mas também a quantidade de gente que servíamos todas as semanas, de segunda a segunda. E eu só tinha 2 anos de experiência. Realmente uma responsabilidade grande e eu ainda estava em processo de formação. Completamente despreparado.
Herdei uma equipe unida e que nunca conquistei, raras exceções. Eram 12 ou 13 contra 1. Não os culpo, pois me coloco no lugar deles. Eu era um cozinheiro de 25 anos sem grande experência e cheguei ganhando 3 vezes mais que eles. Eles iam de ônibus e eu de carro própio. Eu vestia Lacoste, tenis da Nike, relógio suiço- eles ganhavam somente o suficiente para comprar feijão, arroz e farinha. Estudei nos melhores colégios e faculadades e muito deles não passaram do ensino médio de um colégio público de péssima qualidade. Eu viajava pelo mundo e a viagem deles era, na maioria das vezes, na garrafa de cachaça.
Além disto, eu queria perfeição. E muitos deles faziam pouco caso com o que serviam. Alguns por falta de conhecimento. Muitos por falta de zelo e motivação.
Tudo isto gerava muita tensão e muitas vezes perdi a cabeça. Tenho temperamento forte e gosto de me impor. Isto me afastava ainda mais deles.
Na tentativa de ter mais colaboração, todos os meses eu tirava dinheiro do meu bolso e dava para alguns, principalmente os cabeça chave da "rebelião constante". Um alcoolatra, coitado. Nem sei se está vivo.
Como não tinha experiência e maturidade, me faltava autonomia. Neste tempo de quase dois anos so consegui indicar 1 cozinheiro aliado, 2 estagiários e uma outra pessoa, que até hoje carrego no meu coração, a única aliada que tive durante os dois anos que passei ali. Uma super profissional por quem tenho imensa adimiração e profundo agradecimento por ter me protegido o quanto pode do fogo cruzado.
Foi um processo lento de degradação que culminou em brigas feias, desmotivação, agressões verbais e até físicas.
Mas NUNCA DESISTI, fazia de tudo pra dar certo. Nunca arredei o pé.
Enfim, fui despedido, mea maxima culpa. Prefiro apontar os meus erros, pois nada posso mudar em relação aos que falharam comigo. Foi uma grande lição.
Eu faria tudo de novo.
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