Foi aí que eu nasci, cresci e tive as melhores experiências de minha vida. Aí estão minhas
memórias gustativas mais primordiais, mais antigas. Dos cajús maduros, os tamarindos e
mangas pendendo nos galhos, os cocos recém colhidos, os ingás que cresciam em
ambundantes arbustos e que tínhamos que atravessar os pés de urtiga e cansanção
para chegar até os mesmos. O pé de cajá-umbú, que até as folhas apreciávamos e, com
para chegar até os mesmos. O pé de cajá-umbú, que até as folhas apreciávamos e, com
meus primos, naqueles veraneios inesquecíveis, colhia ervas pelo chão e brincávamos de
fazer chá e comidinha- e o pior é que a gente bebia e era uma delícia! E era naquele
mundo verde que eu via Valdete (minha mãe preta) catar sangue-lavou, espada de são
jorge e tantas outras plantas que cresciam livremente, sem que ninguém cuidasse.
jorge e tantas outras plantas que cresciam livremente, sem que ninguém cuidasse.
Tinham também os pés de licuri, as goiabeiras, os jambeiros, araça-mirím, coco anão,
pitangueiras, fruta do conde, o pé de acerola... E tenho certeza que estou
esquecendo de tantas outras árvores das quais usufruimos das frutas e das sombras.
Não possso deixae de citar a horta meu pai cultivava com tanto carinho, mesmo nos
tempos difícieis e no auge da sua debilidade física.
pitangueiras, fruta do conde, o pé de acerola... E tenho certeza que estou
esquecendo de tantas outras árvores das quais usufruimos das frutas e das sombras.
Não possso deixae de citar a horta meu pai cultivava com tanto carinho, mesmo nos
tempos difícieis e no auge da sua debilidade física.
É sobre estes pilares que um dia construirei a minha própria gastronomia.
Bom chegar tão longe para ver que o que há de mais gostoso e importante crescia no
meu próprio jardim. Rodei o mundo para chegar a esta conclusão.
O que o chef Ben Shewry, do Attica está me mostrando é algo que eu mesmo vivi, mas
que as crianças que cresceram no meio das selvas de concreto talvez dificilmente
entenderão.
Um dia, quem sabe, voltarei e brincarei com meus cajús, mangas, tamarindos, goiabas,
araçá mirins, jambos, sangue-lavou, espada de são jorge, os quiabos do meu pai e suas
Painho, um dia terminarei a horta que a vida não lhe permitiu terminar.
Que maravilha!!! Eu que vivenciei esta fase de Mateus e que o acompanho nesta sua caminhada, fico muito feliz por vê-lo crescer e vencer pela vontade e firmeza de pensamentos.
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