terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sabores da infância

Nestes poucos anos trabalhando em cozinhas, descobri que é difícil agradar um cliente. Imagine a todos?

Quando uma pessoa entra pela porta de um restaurante, traz consigo expectativas, angústias, todo tipo de sentimentos. Tem gente que briga com a mulher em casa, recebe bronca do patrão, descobre que a conta bancária tá no vermelho e aí, no final do dia, vai para o restaurante. Não que isto irá resolver algum dos problemas, mas é existe algo mágico no que diz respeito ao ato de comer e beber. Deve ter algo a ver com o gostinho da comida da mãe ou da vó e aquela sensação boa que dá (na maioria das vezes) quando isto é lembrado. Todo mundo tem uma comida que a mãe e a vó fazia e que ninguém consegue fazer igual.

Ah, os sabores da minha infância... Que delícia é pensar nas comidinhas que me esbaldava e que tanto me adorava. Isto me acalma, só em pensar!

Então, entra o cliente insatisfeito com a vida entra no restaurante. O chef não sabe disto, nem o maitre, muito menos o garçon. Hipoteticamente o serviço é eficaz e o o cliente é bem atendido e bem servido. Se o chef conseguir agradar, provavelmente é porque seu tempero conseguiu mexer com a memória, fazer lembrar um pouco do passado e lembrar daquele tempero da mãe. Isto serve como um senhor calmante. Mesmo assim, isto é muito difícil.

O chef que consegue mexer com estes sentimentos mais antigos, na minha modesta opinião, é um grande chef. Um dos grandes elogios que eu posso receber é: "humm... está como o da minha vó/mãe.". É a medalha de ouro das cozinhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário