Ardem-me os olhos. Cansados, hipermétropes e pasmos das visões que mal foram assimiladas. Olhos caídos, vermelhos de lágrimas sem cor, assustados pela contemplação do que nem ainda foi enxergado.
Dada a alma de artista, da dor e da alegria, faz-se inspiração. Os agente provocadores de sentimentos permeiam entre o real e o não real. Entre o passado, o presente e o futuro. Do passado, nada se muda. O presente, mal se controla. Do futuro, ninguém se salva.
Ardem-me os olhos, de ver o que não pode ser visto. Melhor, de ver o que só eu posso ver, da maneira que vejo. E sinto. Sentimentos reais de um futuro incerto.
E, assim, gozando e sofrendo pelo que nem sei se será, sigo. Sei que, torça o nariz quem queira, arte corre na minha veia. Sigo enxergando o que a maioria não enxerga. E rio e sofro. Pelo real e pelo não real, pelo que é e pelo que talvez nunca será.
Ardem-me os olhos.
Obs: Inspirado em conversa com grande poeta baiano João Campos.
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