Meu Deus, obrigado pela dádiva do vinho.
Adoro estar ébrio, após uma garrafa de vinho.
Hoje foi um Frontera, Cabernet Sauvignon. Em conta e perfeito.
Brindemos com uma frase, traduzida do espanhol para o português:
Me basta um vinho velho e vermelho
Com o cheiro de cobertas de inverno
Algumas amêndoas
E suas mãos.
Viva o vinho!
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Pensar, escrever e cozinhar
Penso, logo existo.
Escrevo, posto que penso.
Cozinho, porque sinto fome?
Faminto de conhecimento, me ponho a pensar.
Cozinho as idéias e quando estão no ponto, me ponho a escrever.
Penso, escrevo e cozinho.
Não é difícil conciliar.
Escrevo, posto que penso.
Cozinho, porque sinto fome?
Faminto de conhecimento, me ponho a pensar.
Cozinho as idéias e quando estão no ponto, me ponho a escrever.
Penso, escrevo e cozinho.
Não é difícil conciliar.
domingo, 15 de agosto de 2010
Harmonia
É possível harmonizar um belo vinho com um prato, sendo que este último também depende da harmonia de sabores,cores, texturas e aromas para ser perfeito.
É possível harmonizar o clima de uma cozinha profissional, para que toda a equipe trabalhe concentrada e tranquila, diminuindo o número de erros cometidos e assim os clientes saim ainda mais satisfeitos.
Ainda, é possível (e necessária) a harmonia entre os diversos setores de um restaurante, para que ele seja plenamente bem sucedido.
Mas o chef olha pra dentro de sí e se pegunta: é possivel que sempre haja harmonia nas nossas vidas?
Não temos controle para o que há de vir, por mais que nos preparemos. Mesmo sendo precavidos, temos pouco controle das nossas vidas. É uma panela de pressão, a todo vapor, sempre prestes a explodir.
"Toda ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido contrário", diz o enunciado da 3a Lei de Nilton. É o equilibrio do universo. Toda energia que colocamos em alguma coisa, voltará na mesma intensidade e no sentido contrário. Aplicando esta lei no nosso cotidiano, se algo de muito ruim acontece na nossas vidas, algo de bom virá em contrapartida.
Este é um dos segredos da vida: buscar na desarmonia o contrapeso para se equilibrar.
Não quer dizer que não possamos ficar tristes ou abatidos. Todos ficamos e devemos ficar. São sentimentos fruto de milhões de anos de evolução. O luto é necessário para nossa sobrevivência.
Porém, a mesma força que causa o luto, trará algo de muito bom. E se tivermos com os olhos sempre ocupados com lágrimas, como iremos ver o que a vida tem de melhor para oferecer?
A harmonia existe em momentos pontuais, o chef se responde após momentos de reflexão. Nem tudo são flores, ouvimos isto desde crianças. Esperar que tudo seja perfeito é pedir para sofrer. Só achar defeitos e que a vida é ruim, nem se fala.
Verdade seja dita, não existe uma verdade absoluta para nada. Mas cada um tem que buscar dentro de si o seu ponto de equilíbrio e sua harmonia- mesmo nas piores tempestades, o sol há de brilhar.
É possível harmonizar o clima de uma cozinha profissional, para que toda a equipe trabalhe concentrada e tranquila, diminuindo o número de erros cometidos e assim os clientes saim ainda mais satisfeitos.
Ainda, é possível (e necessária) a harmonia entre os diversos setores de um restaurante, para que ele seja plenamente bem sucedido.
Mas o chef olha pra dentro de sí e se pegunta: é possivel que sempre haja harmonia nas nossas vidas?
Não temos controle para o que há de vir, por mais que nos preparemos. Mesmo sendo precavidos, temos pouco controle das nossas vidas. É uma panela de pressão, a todo vapor, sempre prestes a explodir.
"Toda ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido contrário", diz o enunciado da 3a Lei de Nilton. É o equilibrio do universo. Toda energia que colocamos em alguma coisa, voltará na mesma intensidade e no sentido contrário. Aplicando esta lei no nosso cotidiano, se algo de muito ruim acontece na nossas vidas, algo de bom virá em contrapartida.
Este é um dos segredos da vida: buscar na desarmonia o contrapeso para se equilibrar.
Não quer dizer que não possamos ficar tristes ou abatidos. Todos ficamos e devemos ficar. São sentimentos fruto de milhões de anos de evolução. O luto é necessário para nossa sobrevivência.
Porém, a mesma força que causa o luto, trará algo de muito bom. E se tivermos com os olhos sempre ocupados com lágrimas, como iremos ver o que a vida tem de melhor para oferecer?
A harmonia existe em momentos pontuais, o chef se responde após momentos de reflexão. Nem tudo são flores, ouvimos isto desde crianças. Esperar que tudo seja perfeito é pedir para sofrer. Só achar defeitos e que a vida é ruim, nem se fala.
Verdade seja dita, não existe uma verdade absoluta para nada. Mas cada um tem que buscar dentro de si o seu ponto de equilíbrio e sua harmonia- mesmo nas piores tempestades, o sol há de brilhar.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Le gôut de Haiti (o gosto do haiti)
Completo nesta semana 6 meses no Haiti. Tempo suficiente para acumular algum conhecimento e aqui deixar para quem, por acaso, ler as minhas divagações.
A primeira impressão logo quando cheguei, é que minha estadia iria ser muito difícil, pois a barreira linguística era imensa. Nunca estudei francês, muito menos o creolo francês, que é a língua mais falada no país. Apenas havia pesquisado um pouco na internet sobre a cultura local, para chegar um pouco informado.
Já sabia das condições do país, antes mesmo do terremoto que teve seu epicentro na sua capital, Porto Príncipe. Mas nada se compara quando você confere pessoalmente o resultado de tantas catástrofes que ocorreram no aqui- ditaduras, golpe militar, guerra civil, ciclones e o terremoto que deixou centenas de milhares de mortos e uma geração de órfãos. Destruição, escombros e o cheiro de morte ainda pairavam no ar. O olhar de desespero das pessoas que perderam suas casas e famílias inteiras, que, sem condições nenhumas de higiene, se amontoavam em acampamentos tentando levar a vida adiante e a frase mais escutada no país "mwen grangu" (do creolo: estou faminto) martelavam na minha cabeça a todo momento.
Logo cheguei a Camp Perrin, onde está localizado hotel no qual trabalho como Chefe de cozinha. No primeiro dia já tratei de conhecer as instalações da cozinha e toda a equipe de trabalho. Foi um tremendo choque- para mim e para eles também. Me olhavam com cara de assustados, me medindo com os olhos do pé a cabeça. Me senti um peixe fora da água. E não entendi absolutamente nada do que falavam, só sabia que eu era o tema das rodas de conversa.
Com um pouco de desenvoltura de quem já tinha passado dois anos na Austrália e aprendido uma segunda língua, me joguei de cabeça no trabalho e me empenhei em, mesmo sem entender ou falar a língua deles. Cozinhar era o de menos, o mais importante era absorver tudo o mais rápido possível.
O mais duro é o choque cultural. Assim como qualquer outro povo, os haitianos têm suas peculiaridades. Eles tem o seu jeitinho, a malemolência, que nós brasileiros e principalmente os baianos, herdamos dos africanos. Mas aqui é algo mais acentuado pela falta de acesso à informação e educação. Eles são altamente nacionalistas e defendem com unhas e dentes o que lhes pertence. Demorei de entender isto. Quando se trata de cultura, é muito difícil explicar o que é certo e o que é errado, pois se trata de algo hereditário, passado de geração para geração.Mas mesmo assim, consegui realizar verdadeiros milagres, como todo bom profissional tem que fazer.
Como Chefe de cozinha, fiquei horrorizado. Como ser humano, sensibilizado e disposto a ensinar o pouco que eu sei para um povo tão acostumado a nada ter. Aos poucos consegui impor um ritmo de trabalho, implantar uma série de práticas para ter um mínimo de segurança alimentar, diversificar o cardápio com um toque brasileiro e, com muito esforço, conquistar a confiança deles.
Enquanto ao aprendizado da língua, o que sugiro é: estude, repita, repita e repita. A repetição foi a chave para mim. Todos os dias aprendo uma nova palavra e treino a pronúncia, descubro o seu significado e tento encaixar no vocabulário do dia dia. E repito 1000 vezes. Posso dizer que já me comunico e consigo ser entendido, com alguma dificuldade ainda. Mas foi um belo avanço para quem caiu de paraquedas furado no meio de 15 haitianos, sem tradutor e sem dicionário por algum tempo.
No próximo post vou me concentrar na cultura e na cozinha haitiana e mostrar o pouco que já sei.
Até lá!
A primeira impressão logo quando cheguei, é que minha estadia iria ser muito difícil, pois a barreira linguística era imensa. Nunca estudei francês, muito menos o creolo francês, que é a língua mais falada no país. Apenas havia pesquisado um pouco na internet sobre a cultura local, para chegar um pouco informado.
Já sabia das condições do país, antes mesmo do terremoto que teve seu epicentro na sua capital, Porto Príncipe. Mas nada se compara quando você confere pessoalmente o resultado de tantas catástrofes que ocorreram no aqui- ditaduras, golpe militar, guerra civil, ciclones e o terremoto que deixou centenas de milhares de mortos e uma geração de órfãos. Destruição, escombros e o cheiro de morte ainda pairavam no ar. O olhar de desespero das pessoas que perderam suas casas e famílias inteiras, que, sem condições nenhumas de higiene, se amontoavam em acampamentos tentando levar a vida adiante e a frase mais escutada no país "mwen grangu" (do creolo: estou faminto) martelavam na minha cabeça a todo momento.
Logo cheguei a Camp Perrin, onde está localizado hotel no qual trabalho como Chefe de cozinha. No primeiro dia já tratei de conhecer as instalações da cozinha e toda a equipe de trabalho. Foi um tremendo choque- para mim e para eles também. Me olhavam com cara de assustados, me medindo com os olhos do pé a cabeça. Me senti um peixe fora da água. E não entendi absolutamente nada do que falavam, só sabia que eu era o tema das rodas de conversa.
Com um pouco de desenvoltura de quem já tinha passado dois anos na Austrália e aprendido uma segunda língua, me joguei de cabeça no trabalho e me empenhei em, mesmo sem entender ou falar a língua deles. Cozinhar era o de menos, o mais importante era absorver tudo o mais rápido possível.
O mais duro é o choque cultural. Assim como qualquer outro povo, os haitianos têm suas peculiaridades. Eles tem o seu jeitinho, a malemolência, que nós brasileiros e principalmente os baianos, herdamos dos africanos. Mas aqui é algo mais acentuado pela falta de acesso à informação e educação. Eles são altamente nacionalistas e defendem com unhas e dentes o que lhes pertence. Demorei de entender isto. Quando se trata de cultura, é muito difícil explicar o que é certo e o que é errado, pois se trata de algo hereditário, passado de geração para geração.Mas mesmo assim, consegui realizar verdadeiros milagres, como todo bom profissional tem que fazer.
Como Chefe de cozinha, fiquei horrorizado. Como ser humano, sensibilizado e disposto a ensinar o pouco que eu sei para um povo tão acostumado a nada ter. Aos poucos consegui impor um ritmo de trabalho, implantar uma série de práticas para ter um mínimo de segurança alimentar, diversificar o cardápio com um toque brasileiro e, com muito esforço, conquistar a confiança deles.
Enquanto ao aprendizado da língua, o que sugiro é: estude, repita, repita e repita. A repetição foi a chave para mim. Todos os dias aprendo uma nova palavra e treino a pronúncia, descubro o seu significado e tento encaixar no vocabulário do dia dia. E repito 1000 vezes. Posso dizer que já me comunico e consigo ser entendido, com alguma dificuldade ainda. Mas foi um belo avanço para quem caiu de paraquedas furado no meio de 15 haitianos, sem tradutor e sem dicionário por algum tempo.
No próximo post vou me concentrar na cultura e na cozinha haitiana e mostrar o pouco que já sei.
Até lá!
Assinar:
Postagens (Atom)