terça-feira, 26 de julho de 2011

Nota de fim de noite

Recentemente montei uma nova equipe de cozinha. Todo o quadro laboral é composto por haitianos de origem muito simples. Quando digo "muito simples" me refiro à pobreza quase extrema. Pessoas que nunca trabalharam numa cozinha como a minha, extremamente bem equipada. E nunca trabalharam com um chef de cozinha. E eu talvez nunca tenha trabalhado com diamantes tão brutos como estes.


Como transformar um bando de pessoas perdidinhas em cozinheiros, ajudantes, serviços gerais? Como ensinar a pessoas que não falam sua língua, não entende seus costumes e cultura? Onde encontrar as lideranças? Quais são aqueles que serão difíceis de se controlar, quem veste máscara? Como um estrangeiro, não afrodescendente e de idade inferior à daqueles que comanda vai impor respeito à pessoas que lutaram tantos anos para obter respeito pela sua raça e pela sua hegemonia?

Como fazer isto tudo e manter a paciência intacta, o que não é o meu caso, utilizo-me de métodos muito pouco ortodoxos, porém eficientes.

No fim de cada dia, sei que cada um ali é uma jóia em potencial. Sei que estou formando pessoas, profissionais, dando-lhes a chance de buscar um melhor futuro.